terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Tweets que ultrapassam 140 caracteres: Amor sem escalas


Jason Reitman tenta de muitas maneiras (através principalmente da montagem e fotografia) imprimir um ar indie ao seu novo filme, mas o rosto de seu protagonista não deixa enganar, trata-se de mais um produto Hollywoodiano. E isso de nenhuma forma diminui o novo filme protagonizado por George Clooney. Up in the air é superior a pelo menos 90% das obras lançadas em 2009 e merece boa parte dos elogios que vem recebendo da imprensa especializada. George Clooney encarna Ryan Bingham com certa dose melancolia e muita sutileza, sendo certeiro por seguir esse caminho, já que seu personagem é um solitário contumaz. O homem que tem como meta de vida atingir um número absurdo de milhas é o centro do roteiro de Sheldon Turner e do diretor Jason Reitman, roteiro esse que, apesar de favorito ao Oscar de roteiro adaptado, é tremendamente irregular, contando com momentos inspirados e outros absurdamente superficiais. A construção do persongem de Clooney é perfeita, seu affair com Vera Farmiga é bem costurado boa parte do tempo, e sua relação mestre-aprendiz com a personagem de Anna Kendrick é sempre interessante. Mas, infelizmente, o roteiro se rende a clichês idiotas como o momento em que Ryan se dá conta de seu "verdadeiro amor" e corre para os braços da amada, contrariando toda a natureza do personagem construída pela narrativa até ali ,ou a "descoberta" de Ryan no ato final da obra, irritante por sua previsibilidade. Mas, no todo, o roteiro tem ótimos momentos, diálogos espirituosos - principalmente nos momentos de demissão ou "novo caminho", como apregoa Bingham. Reitman faz seu melhor trabalho na direção, muito superior a Juno, sendo econômico em suas escolhas, sem invencionices autorais. Amor sem escalas é um bom filme, com ótimo elenco e uma produção caprichada, mas não passa disso.

Miguel Moura


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